liam gallagher

‘Wonderwall’ é um hino. Um hino que até Deus já pediu para parar.

Se você nunca ouviu alguém gritar “Toca Wonderwall!” numa roda de violão, parabéns: você vive numa realidade paralela ou não tem amigos. A canção da banda Oasis, lançada em 1995, é tão onipresente que provavelmente já tocou enquanto você lia esta frase. E, mesmo que você diga que não gosta dela, a verdade é que você sabe a letra toda. Contra sua vontade, claro.

Mas por trás do hino indie mais tocado nos churrascos errados do planeta, existe uma história de amor, desamor, confusão e um pouco de vergonha alheia dos próprios autores. Porque, sim, até mesmo os irmãos Gallagher gostariam de apagar esse hit eterno do Spotify da memória coletiva.

Amor, brigas e a maldição dos quatro acordes.

Tudo começou com um nome bem cafona: Wishing Stone. Graças a George Harrison e seu álbum solo Wonderwall Music, Noel resolveu repaginar o título e criar o que viria a ser a herança musical que a humanidade nunca mais conseguiria esquecer. A letra, segundo ele em 1996, era uma declaração romântica para sua então esposa Meg Mathews. Fofo? Sim. Ingênuo? Também.

Porque, após o divórcio, Noel recuou mais rápido que um vocalista desafinado: “Na verdade, era sobre um amigo imaginário.” Claro, Noel. A gente sempre diz que “você é minha parede maravilhosa” para nossos amigos imaginários. Super comum.

Enquanto isso, Liam Gallagher, um homem que acha que vulnerabilidade é uma doença contagiosa, odiou tudo: o tom suave, a atmosfera romântica, o fato de Noel ter tocado baixo no lugar de Guigsy. “Isso não é Oasis”, ele disparou, provavelmente entre um gole de cerveja e uma ameaça velada ao irmão.

E a cereja no bolo? Apesar de ser um dos maiores hits da década de 90 e de ter levado Oasis aos EUA, Austrália e ao Olimpo do Britpop, Wonderwall não chegou ao topo das paradas no Reino Unido. Sabe quem barrou? Robson & Jerome com I Believe. Isso mesmo. Robson. E Jerome. Pondere sobre isso.

noel gallagher

O castigo eterno da banda que escreveu o hino que não queria cantar.

Hoje, mais de 25 anos depois, Wonderwall continua sendo o maior sucesso do Oasis – e também seu maior fardo. É a música que financia as biritas dos Gallagher, mas também a razão de muitos olhares entediados no palco. Eles tocam porque sabem que você espera por isso. Você canta porque é inevitável. E o ciclo continua, como um ritual britpop maldito que atravessa gerações.

No fim, Wonderwall é a prova de que hinos nem sempre são bem-vindos, e que toda banda tem aquele sucesso que gostaria de enterrar no quintal. Mas não se engane: na próxima festa, quando surgir um violão e alguém pedir para tocar, você vai rir, vai fingir que odeia… e vai cantar junto. Porque, afinal, maybe… you’re gonna be the one that saves me. E depois disso, você já sabe o que vem.