Ah, 2000. Uma época em que bandas não tinham medo de xingar publicamente umas às outras, as entrevistas eram um campo minado de sinceridade, e o vocalista do Foo Fighters ainda estava aprendendo a lidar com o baterista mais sinceramente ácido da história recente do rock: Taylor Hawkins.
Sim, o mesmo Taylor que deixava as baquetas derretendo de tanto bater na bateria resolveu deixar o filtro de lado e distribuir críticas como se estivesse no karaokê da sinceridade. E uma das bandas que levou a bordoada com gosto foi nada menos que o Muse. Isso mesmo. A banda do “drama sinfônico cósmico do fim do mundo”.
Numa entrevista para a Melody Maker, Hawkins começou leve, zombando do Limp Bizkit com um “talvez eu gostasse deles com 14 anos, mas gosto de pensar que não”. Depois, partiu para os Goo Goo Dolls, dizendo que “toda banda agora parece uma boy band… que tédio do caralho.” A essa altura, o entrevistador já devia estar se abanando de alegria.
Mas foi quando o nome Muse apareceu que Taylor disparou sem pena:
“Os caras do Muse são legais, mas… por que eles são tão porra de sérios? Sobre o quê, exatamente?!”
E ele não parou por aí. Comparou a “seriedade existencial sem motivo” da banda de Matt Bellamy com o drama tongue-in-cheek do Queen e a angústia real e palpável do Radiohead. Segundo ele, enquanto Freddie Mercury fazia pose com purpurina e um piscadinha marota, e Thom Yorke escrevia letras com cheiro de colapso nervoso, o Muse estava ali… levando tudo a sério demais. Com cara de quem esqueceu o arroz no fogo.
Segundo Hawkins, a matemática emocional era simples:
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Queen: exagerado, mas com charme.
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Radiohead: deprê, mas com propósito.
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Muse: dramático, mas… por quê, meu Deus?
O mais hilário? Isso aconteceu enquanto as bandas estavam em turnê JUNTAS, abrindo para o Red Hot Chili Peppers. Imagina o camarim do Muse depois dessa entrevista? Silêncio sepulcral e uma orquestra de suspiros indignados.
Mas convenhamos: se até o Taylor Hawkins, que tocava numa das bandas mais animadas e enérgicas do rock moderno, achava que o Muse precisava “dar uma risadinha”, talvez fosse hora mesmo de Matt Bellamy deixar de fazer cara de quem viu o apocalipse só porque alguém errou um acorde no piano.
No fim das contas, o recado do eterno baterista é claro: rock pode ser sério, mas precisa saber rir de si mesmo. E talvez, só talvez, seja bom lembrar que o mundo não vai acabar em cada refrão. (A não ser que você esteja em um álbum do Muse, claro.)