Ah, os bons e velhos tempos do rock, quando brigas entre bandas não eram resolvidas com tweets passivo-agressivos, mas sim com declarações incendiárias no palco e expulsões vergonhosas de turnês multimilionárias. Pois é, amigos, estamos aqui para relembrar um clássico caso de “quem fala o que quer, ouve o que não quer” protagonizado por Dave Mustaine, a boca mais afiada do thrash metal, e os veteranos do Aerosmith.
Tudo aconteceu durante a turnê Get a Grip, um verdadeiro teste de resistência que durou impressionantes 18 meses entre 1993 e 1994. E como se não bastasse a exaustão de shows diários, viagens intermináveis e um mar de groupies histéricas, os caras do Aerosmith ainda tiveram que lidar com o pequeno detalhe de que seu ato de abertura, Megadeth, estava determinado a transformar cada show em um ringue verbal.
A escolha de Megadeth como banda de abertura já era um pouco questionável. De um lado, Aerosmith, com seu rock acessível e cheio de malícia mainstream; do outro, Mustaine e sua gangue, representantes do thrash metal que não faziam a menor questão de ser fofos. Era como misturar uma taça de champanhe com uma garrafa de gasolina.
E adivinhem? Deu ruim.
O problema central, segundo o Far Out Magazine? Mustaine decidiu que o mundo precisava saber sua opinião não solicitada sobre a relevância do Aerosmith. Em um momento de gênio (ou falta dele), ele resolveu discursar no palco sobre como a banda principal já tinha passado da validade. Sim, você leu certo. Ele chamou de “fim de carreira” uma banda que, na época, estava vendendo múltiplas milhões de cópias com um disco que ainda rendia hits como “Crazy” e “Cryin'”.
Como se fosse um gerente de loja mandando embora um estagiário insolente, Joe Perry, guitarrista do Aerosmith, resolveu tomar uma atitude. “Embora, na maior parte do tempo, tivéssemos uma relação fácil e respeitosa com outras bandas, no início da turnê Get a Grip, quando o Megadeth estava abrindo para nós, houve um momento desagradável. Dave Mustaine estava no palco e nos xingou, dizendo que estávamos ultrapassados. Nada legal. Chutamos eles da turnê.”
Foi um momento glorioso de “toque de realidade” para Mustaine. Afinal, é possível manter um certo nível de arrogância e ainda assim lucrar com isso, mas só até o ponto em que você não insulta os caras que assinam os cheques da turnê.
O curioso é que Mustaine, mais tarde, tentou pintar a situação como um caso de “desrespeito” por parte do Aerosmith. Segundo ele, sua revolta era porque estavam sendo tratados mal na estrada. Ok, até pode ser. Mas difícil imaginar um grupo como o Aerosmith, que sobreviveu às maiores turnês de rock, guerras de egos e toneladas de drogas, decidindo que seu grande problema seria Megadeth comendo Doritos no camarim errado.
No fim das contas, Mustaine, que já tinha sido chutado do Metallica por seu temperamento, adicionou mais um troféu ao seu extenso histórico de “brigas evitáveis”.
Moral da história? Se você for abrir para uma banda gigante, talvez não seja a melhor estratégia cuspir no prato em que está comendo – especialmente se o prato vier servido em arenas lotadas. Afinal, nem todo mundo tem paciência para aguentar um Mustaine sem filtro por muito tempo. O Aerosmith, definitivamente, não teve.