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“Acabou o jogo”: A música que Noel Gallagher acredita que pode destruir qualquer plateia

Se você quer ser levado a sério no mundo do rock ‘n roll, precisa de uma daquelas músicas que fazem a multidão perder o controle. Nada de ficar horas trancado no estúdio em busca da perfeição técnica – até porque, sejamos honestos, quem vai a um show para contar quantos arpejos você mandou na guitarra? Noel Gallagher, como sempre um entusiasta da modéstia, entendeu essa lógica desde cedo. Mas ele também sabia que não havia competição contra bandas que adotavam um tom mais melancólico e profundo. Afinal, quem precisa de um refrão grudento quando pode passar a noite refletindo sobre a miséria da existência?

Isso não quer dizer que Noel passava os dias mergulhado em discos do The Cure e New Order, chorando em posição fetal. O DNA do Oasis sempre foi a confiança desmedida, e, convenhamos, introspecção nunca foi o forte de quem compõe frases como “Tonight, I’m a rock ‘n’ roll star”.

Quando Gallagher começou a dar os primeiros passos na música, a Inglaterra já vivia um turbilhão sonoro. Enquanto o The La’s montava um rascunho do Britpop, a cena alternativa ganhava emoção com The Smiths e suas lágrimas em formato de canções. Ninguém precisava concordar com tudo o que Morrissey dizia (até porque isso seria um caminho sem volta), mas ignorar os riffs de Johnny Marr seria um crime digno de prisão em Manchester.

E se desse para pegar toda essa emoção e colocar um batida dançante por cima? A resposta veio com o movimento Madchester, uma espécie de primo mais legal do Britpop. Para Noel, os verdadeiros deuses dessa era eram The Stone Roses. Era simples: pegavam as batidas de pista de dança, socavam guitarras grandiosas por cima e pronto, tinham o público aos seus pés.

Mas o golpe final vinha com I Wanna Be Adored. Nem era preciso um solo grandioso – bastavam poucas notas para hipnotizar. E então vinham os vocais de Ian Brown, que pareciam carregar uma missão espiritual. Era transcendência pura ou apenas o efeito de uma noite regada a bebidas duvidosas? Vai saber.

“Me desculpe, mas se você sobe no palco com essa música, acabou o jogo, cara.”
Noel Gallagher

Segundo Noel, o impacto era imparável. “Eles começavam os shows com essa música todas as noites, e cara, se você caminha até o palco com essa introdução, acabou. Pode guardar os instrumentos, cancelar o resto da noite. Assim que você ouve aquele baixo, é tipo: ‘Ok, justo, vocês ganharam’.”

Apesar de toda essa adoração, Noel ainda jurava que seu método de composição seguia o legado de Lennon/McCartney. Mas, sejamos sinceros, Oasis deve um bom pedaço da sonoridade deles à atmosfera quase hipnótica que The Stone Roses ajudou a construir. Sem esse ingrediente, hinos como Columbia talvez nunca tivessem existido.

E claro, Liam não ia ficar de fora dessa história. Como se fosse uma revanche silenciosa, anos depois ele se juntaria a John Squire em um projeto musical. Se não dava para dividir a glória com Noel, pelo menos ele poderia se unir a um dos guitarristas mais icônicos da cena.

Ah, e por falar em Noel e Oasis, os fãs brasileiros já estão afiando as chuteiras para os shows confirmados no Brasil em novembro de 2025. Se a banda resolver abrir com I Wanna Be Adored, não duvido que Noel largue o microfone e simplesmente declare o fim do show ali mesmo. Afinal, se ele próprio já decretou que essa música acaba com qualquer plateia, seria incoerente continuar tocando depois dela, não acham?