O Brasil sempre foi a terra onde o groove nunca dorme, e Seu Jorge veio para lembrar disso com “Baile à la Baiana”. Um disco que faz você balançar o ombrinho sem nem perceber, como se estivesse em transe hipnótico comandado pelo próprio Jorge Ben Jor.
A primeira coisa que você nota é que essa não é apenas uma coletânea de músicas: é uma celebração, um verdadeiro culto ao groove. Se Tim Maia estivesse vivo, ele provavelmente estaria de regata branca, cantando junto e suando feito um churrasqueiro no verão carioca.
Seu Jorge pegou o melhor da música preta brasileira, jogou numa panela de barro baiana, misturou com muito tempero e serviu com aquela malemolência de quem sabe que faz música para ser sentida no corpo inteiro. Sabe aquele som que você coloca numa festa e, de repente, até sua tia que jurava que não ia dançar já está gingando com um copo de caipirinha na mão? Então, é isso aqui.
A inspiração veio de Salvador, mais especificamente do Galpão Cheio de Assunto, um lugar que pelo nome já dava para imaginar que a conversa era boa e a música, melhor ainda. Ali, entre um encontro e outro, Seu Jorge se conectou com Peu Meurray e Magary Lord, e desse caldeirão de criatividade nasceu a ideia do disco. Porque, convenhamos, tudo que é bom na música brasileira sempre começa num boteco, num quintal ou num galpão qualquer.
Com 11 faixas, “Baile à la Baiana” é um verdadeiro festival de ritmos. Tem Black Rio, tem Jorge Ben, tem aquele groove pesadão que faz a gente se perguntar por que ainda tentamos sentar em cadeiras quando esse som claramente foi feito para ser curtido de pé, com um passinho ensaiado no improviso. As percussões estão afiadas, os sopros soam como se estivessem conversando entre si e o baixo… ah, o baixo. Se tivesse um CPF, seria declarado como patrimônio cultural imaterial da swingueira brasileira.
Mas não se engane: esse é um disco que respeita tradição sem cair no clichê. Seu Jorge e sua banda Conjuntão Pesadão misturam o passado e o presente como quem mistura cachaça com mel, sem erro, sem exagero.
E a melhor parte? O disco não é só música; é um convite. Um convite para deixar a vida um pouco mais leve, para lembrar que dançar é, sim, um ato revolucionário e que, no fim das contas, não importa se você está em Salvador, no Rio ou na sala da sua casa: o importante é sentir a batida e seguir o fluxo.
Se você gosta de som vibrante, daqueles que transformam qualquer lugar em pista de dança improvisada, esse é o disco para você. Se não gosta, bem, talvez seja hora de revisar suas escolhas de vida. Porque, meu amigo, perder a chance de curtir esse groove é como recusar um acarajé quentinho na Bahia: um erro imperdoável.
Baile à la Baiana é mais do que um álbum, é um manifesto. Um grito de alegria que diz: “Se o mundo está uma bagunça, pelo menos vamos dançar bonito no meio do caos”.