Análise: “Delicate”, Damien Rice

Em 2015 tive uma ideia de escrever uma coluna com análises das letras de algumas canções que gosto muito. Seria um projeto exclusivo do Audiograma, mas eu acabei enrolando e deixando esses textos de lado por um tempo até o dia de hoje. Decidi me arriscar e colocar no ar algumas dessas interpretações aqui, começando com “Delicate”, de Damien Rice.

Quero deixar claro que essa coluna é apenas um exercício pessoal de interpretação, que pode ou não fazer sentido para outras pessoas. A intenção é compartilhar conteúdo sobre compositores talentosos que dominam a arte de contar histórias através de canções.

A estreia com Damien Rice é proposital, pois a maioria dos textos que já escrevi dizem respeito às suas obras. Na minha opinião, ele é um dos compositores mais talentosos dos últimos anos e rasga a nossa alma com seus versos. Existem teorias que afirmam que todas as suas músicas contam uma única história de amor tóxico (dizem que são baseadas na relação do cantor com Lisa Hannigan, sua ex-parceira) e vou fazer as análises em cima disso. Aguardem! Espero que gostem dessa coluna!

Conheci “Delicate” num episódio de Lost com o Hurley ouvindo a música curtindo a praia. Parecia uma canção romântica e sensual sobre uma relação entre pessoas confusas. Parecia. Até o dia em que descobri que toda a obra do cantor poderia falar sobre uma única pessoa: sua companheira de banda Lisa Hannigan.

A letra de “Delicate” ganhou uma nova leitura e entendi que era sobre um casal de amantes se deixando levar pelo desejo. “We might kiss when we are alone / When nobody’s watching / We might take it home / We might make out when nobody’s there / It’s not that we’re scared / It’s just that it’s delicate” (Podemos nos beijar quando ficarmos sós / Quando ninguém estiver olhando / Podemos ir para casa / E nos pegar quando ninguém estiver lá / Não é por medo, só que é delicado).

When there’s nothing to give / Well how can we ask for more?” (Quando não há nada para doar / Como podemos pedir por mais?) fala sobre as complicações envolvidas na relação. Uma parte quer mais do que consegue ter, enquanto a outra simplesmente parece não se importar o suficiente em tomar uma decisão e vive sem peso na consciência.

O refrão deixa isso muito claro ao fazer alusões ao fato de que a outra pessoa está no piloto automático vivendo apenas os prazeres de uma relação física. É como se o narrador se perguntasse “Por que você diz que me ama se isso não significa nada?”

Essa é só a 1ª parte desse relacionamento conturbado que Damien Rice apresentou em seus três discos. Em breve seguirei com a análise de “Volcano”.

Letra completa de “Delicate”

We might kiss when we are alone
When nobody’s watching
We might take it home
We might make out when nobody’s there
It’s not that we’re scared
It’s just that it’s delicate

So why do you fill my sorrow
With the words you’ve borrowed
From the only place you’ve known
And why do you sing Hallelujah
If it means nothing to you
Why do you sing with me at all?

We might live like never before
When there’s nothing to give
Well how can we ask for more
We might make love in some sacret place
The look on your face is delicate

So why do you fill my sorrow
With the words you’ve borrowed
From the only place you’ve known
And why do you sing Hallelujah
If it means nothing to you
Why do you sing with me at all?

So why do you fill my sorrow
With the words you’ve borrowed
From the only place you’ve known
And why do you sing Hallelujah
If it means nothing to you
Why do you sing with me at all?