pitty em belo horizonte - foto natalia ferri

Review: Pitty @ Befly Hall, Belo Horizonte – 15/03/2025

Ao lado do Charlie Brown Jr., CPM 22 e Detonautas, podemos dizer que Pitty é uma das últimas grandes representantes do rock brasileiro mainstream. OK. Você até pode me perguntar se NX Zero ou Fresno tocam pagode, mas a verdade é que o cenário não era mais o mesmo quando surgiram. E quanto a Los Hermanos, bem, eu disse rock.

pitty em belo horizonte 15/03/2025 - natalia ferri
foto: natalia ferri

Acompanho a Pitty há 22 anos e foram muitas apresentações ao vivo desde então. Precisamente seis, caso meu Setlist.fm esteja correto (o que eu não asseguro). Minha esposa até brincou dizendo que ela é a nossa “madrinha”, já vimos três shows juntos. E tô criando esse contexto porque a coisa mais impressionante que aconteceu no BeFly Hall com lotação esgotada nesse sábado foi notar a quantidade de pais e mães levando seus filhos para a apresentação.

Ainda que os últimos grandes nomes do rock brasileiro tenham surgido no começo dos anos 2000, é muito bom ver essa renovação de público e interesse. Consegui ficar em um local estratégico em que conseguia enxergar o palco e observar as expressões do público. Tinha muita criança nos ombros dos pais cantando as principais músicas. Especialmente pensando em meninas, sei o quanto é inspirador se sentir representada no palco.

Pitty cumpriu o que combinou: praticamente todos seus sucessos foram apresentados para sua legião de fãs. A baterista Nico deu um espanco gostoso de ouvir no seu instrumento. O que mais me incomoda nos artistas novos é quando vou num show e a bateria é tocada com delicadeza. Tem que descer a mão e Nico representou. O guitarrista velho de guerra Martin lidou com problemas técnicos na primeira música “Admirável Chip Novo”, mas nada perceptível para o público. Quem sofreu mesmo foi o baixista Paulo Kishimoto. A acústica do BeFly Hall não é amiga dos baixistas que gostam dos sons médios. Não consegui ouvir direito suas frases e riffs, o que foi uma pena. O baixo apareceu somente em “Memória”. Pelo menos, o Paulo parece ter se divertido bastante interagindo e agradecendo os fãs pelo carinho.

Algumas músicas receberam pequenas introduções, que tornaram o show divertido para quem gosta de adivinhar o que seria apresentado na sequência. “Na Sua Estante” reforça minha crença de que é a melhor música da sua carreira, mas ainda fico fascinado de (re)descobrir detalhes em suas canções. Por exemplo, o último refrão de “Deja vu”, com aquele “nem me lembro mais” mais alto e expressivo, é coisa linda de se ouvir.

Pelas redes sociais, Pitty anunciou que pretende dar uma pausa na carreira. Não entendi se os compromissos agendados permanecem de pé (datas em março e o The Town em setembro) ou serão cancelados. Ela parecia um pouco “away from here” em alguns momentos do show e o fato da banda não ter voltado para um bis reforça um pouco desse clima. Agora é torcer para que Pitty descanse e volte com força para seguir presenteando seus fãs com sua ótima música.