Você pode até amar tudo que sua banda já lançou, mas se você é Robert Plant, a regra é simples: algumas músicas merecem um delete simbólico, mesmo que sejam hinos imortais do rock. O eterno vocalista do Led Zeppelin provou que ninguém está imune ao enjoo musical e simplesmente pagou US$ 10 mil para que uma rádio parasse de tocar Stairway to Heaven. Isso mesmo. Plant basicamente fez um pix para o silêncio.
O preço da paz auditiva: 10 mil verdinhas
Em 2002, Plant revelou que ao sintonizar a rádio comunitária KBOO, de Portland, ficou encantado com a mistura aleatória de doo-wop e experimentalismos indie que estavam tocando. O DJ, com voz que parecia saída de um festival de Marin County em 1967, fez um apelo por doações para manter o ar alternativo da estação… e prometeu uma coisa ainda melhor: nunca tocar Stairway to Heaven.
Foi o suficiente para Plant pegar o telefone e dizer: “Quanto vocês querem mesmo pra nunca mais tocarem isso?” A resposta? Uma doação generosa de 10 mil dólares. Um verdadeiro patrocínio ao silêncio.
Mas por que tanto ranço?
Embora Stairway seja para muitos o Santo Graal do rock, para Plant, a música envelheceu como leite deixado fora da geladeira. Em entrevista à UCR em 2019, ele explicou que a estrutura musical ainda o impressiona, mas que a letra já não conversa mais com quem ele é. “Eu jamais escreveria algo tão abstrato hoje em dia”, disse, como quem acabou de reler uma poesia que escreveu aos 17 anos no caderno de filosofia.
Aliás, diferente de muitos artistas que chorariam se sua obra-prima fosse “cancelada” por uma rádio, Plant parece aliviado. Para ele, Stairway virou aquele ex que todo mundo continua idolatrando nas redes, mas você sabe que não quer mais ver nem de relance.
Conclusão: Nem todo clássico é eterno (pelo menos para o autor)
O gesto de Plant mostra que o desgosto pelo próprio trabalho é mais comum do que a gente imagina — e que ele está muito bem resolvido com isso. Enquanto milhões ainda air-guitarram com o solo da música e citam as letras como filosofia de vida, o próprio dono da voz prefere doar uma bolada para evitar a experiência. Se isso não é a definição de “tô em outra fase”, a gente nem sabe o que é.