MOVEIS COLONIAIS DE ACAJU RJ - THAIS MALLON

Review: Móveis Coloniais de Acaju @ Befly Hall, Belo Horizonte – 12/04/2025

Se eu não me engano, a última vez que havia visto o Móveis Coloniais de Acaju ao vivo foi em junho de 2012 (mas eu posso estar enganado). Desde então, até rolou o projeto Remobilia, com parte da formação original, mas… não era aquela coisa. Não era eles. Felizmente, o reencontro oficial rolou no sábado, 12 de abril — e posso afirmar sem medo: a magia ainda está lá, brilhando no palco quando esses caras se juntam.

Ver o André Gonzales cantando, pulando e dançando como se o tempo tivesse parado é tipo tomar uma pílula do tempo em forma de groove. Não precisa de ácido, só de ingresso. Sou fã declarado, com mais de dez shows anotados entre 2007 e 2012. E justamente por isso, confesso: cheguei com medo. Como competir com a memória afetiva de quando você era outra pessoa e o mundo ainda não tinha enlouquecido? Tem banda que insiste em viver da nostalgia e esquece de olhar pra frente. Tive receio de encarar isso. E, porra… que delícia ver esse medo sumir já na primeira música.

Mais gostoso ainda foi ver a mistura no público: veteranos de guerra dividindo espaço com uma galera que estava descobrindo o Móveis ao vivo pela primeira vez. Ser jovem é um privilégio. Você pode ir a qualquer show sem precisar justificar nada pra ninguém. Quer dizer, pode… se tiver dinheiro — o que geralmente não tem. Não que os adultos tenham, mas a gente ao menos tem cartão de crédito. Agora imagina: sua primeira vez num show do Móveis, e de repente a banda desce do palco, no meio da pista, tocando “Copacabana”. Isso não é show, é batismo.

Se faltou alguma música, sinceramente, nem percebi. O setlist passeou pelos discos Idem (2005), Complete (2009) e De Lá Até Aqui (2013) , e teve tudo o que meu coração de fã precisava ouvir: “O Tempo”, “Lista de Casamento”, “Cão Guia”, “Descomplica”, “Adeus” (com uma leve sugestão de que vem mais por aí…). E claro, tudo dentro daquele caos organizado que só o Móveis sabe fazer. No começo do show, o André quase trombou com o baixista, e eu sorri feito bobo lembrando de outras confusões parecidas daquela bagunça coreografada que a gente aprendeu a amar.

Tomara que esse tenha sido só um ensaio para algo maior — do jeito que a banda merece. O Befly Hall não tem o clima intimista da Autêntica, por exemplo, mas serviu bem como palco para essa catarse coletiva. Fico aqui na torcida por uma nova chance de ver o Móveis no segundo semestre. Porque reviver memórias é ótimo — mas criar novas é ainda melhor.