Shepherd's Bush Empire 2017 muse

Review: Muse @ Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília – 2008

Engraçado ver como os sonhos demoram para se realizar e como passam rápido quando acontecem. Foram anos de esperanças e expectativas para poder ver de perto o show do Muse. Desde a primeira vez em que ouvi a música “Time Is Running Out”, que devo agradecer eternamente à amiga Analúcia, senti que era uma coisa diferente, especial. Só fui dar o devido valor quando acidentalmente comecei a tocar a riff da música. “Uau! Isto aqui é bom!”. Fui procurar outras músicas e foi paixão instantânea com “New Born” (que durante muito tempo pensei que se chamasse “Falling Away With You”) e “Hysteria”. Nunca havia sentido tanta intensidade e força numa banda, nenhum cantor conseguiu transmitir tanta emoção com pitadas de apocalipse. Mas Matthew Bellamy conseguiu.

Depois do primeiro encontro, foram longos 3 anos até chegarmos ao último dia 30 de Julho. Foi uma longa trajetória, onde consegui “aplicar” o som do Muse em muitas pessoas. Algumas gostaram, outras não (né, D?), mas o fundamental é que ouviram e descobriram uma nova e importante banda, que como diria o Chris Martin, já é clássica dos nossos tempos. Dentre essas pessoas, tive o prazer de contar com a grande parte em pelo menos um dos três concertos da banda no Brasil. E cara, vou te falar na boa, nada melhor que ver um show desses em companhia das pessoas certas. Ouso dizer que o show vira segundo plano, não aquele segundo plano sem graça, obviamente, mas não é tão importante quanto as outras coisas envolvidas. Assistir os shows com os meus amigos e com pessoas que dividem esse imenso amor pela banda, foi inesquecível. Uma das melhores experiências da minha vida.

falei que a grade ia ser nossa, bufenga!

Juliana também pensa que é praticamente impossível fazer uma resenha sobre os shows do Muse. Não é fácil mesmo. Estou enrolando para chegar em algum lugar e a cada palavra, fico mais longe de cumprir o meu objetivo. Foram três shows distintos (ai, pseudo-jornalistas! era a mesma droga de turnê e mesmo repertório na maioria, mas não vi o mesmo show 3x) e cada um deles teve o seu ponto positivo e negativo. Eleger o melhor de todos exigiria o máximo de frieza e isso será impossível no momento. Quase 8 horas de Muse. Na minha frente, quase que ao alcance da minha mão. O repertório de cada show trouxe uma surpresa diferente: se no Rio de Janeiro, Matt dedicou “Sunburn” para nós todos que estavamos na grade, em São Paulo foi a vez de “Bliss” e “Citizen Erazed” (para delírio de Belle) darem o ar da graça. Surpresa maior foi a presença de “Fury” (Iv infartando lá atrás) no set list. Saí semi-rouco depois de um dueto de doom metal com a Karen. O melhor foi poder ver a alegria estampada na cara de cada uma das pessoas que esteve presente nas apresentações. Engraçado conseguir perceber esses detalhes depois de uma experiência de quase “nirvana”. Foi (quase) o bastante para um fã e tudo isso acabou sendo recompensado no final da “caravana”.

(julia, karen, belle, iv e 2t) quase toda a equipe do site musebrasil.com

Após assistir um show desses, você muda. Não é exagero falar isso. Minha percepção sobre o que é um show, sobre como se tocar uma música, como agir num palco, tudo isso mudou. Depois de presenciar uma apresentação do Muse, você não quer mais saber das coisas de antes. Não é qualquer show que vai prender a sua atenção. É como se você lesse Dostoievisk a vida inteira e num belo dia te apresentassem “O Caçador de Pipas”. Não dá para ser o mesmo e se cada um dos (vááários) musicos que assistiram ao show da banda começarem a pensar assim, teremos bons frutos no cenário do rock brasileiro.

Parabéns para a produção do festival Porão do Rock de Brasília. A infra-estrutura do evento serviu para calar a boca de muita gente que desacreditava o show do Muse em Brasília. O resultado foi o melhor som da turnê no Brasil. Foi realmente especial para a gente, receber todo aquele tratamento especial e mostrou como os bastidores são importantes na música. São pessoas como o Raul, que buscam e correm atrás da melhor banda, que fazem a música ser algo tão importante para tantas pessoas. Muito sucesso mesmo e espero que ano que vem, a vontade da produção seja feita novamente!


Chris, Dom, Iv, Belle, 2t, Matt, Karen e Julia (foto foi tirada pelo prestativo Paulo Montes. Muito obrigado por tudo!)