Dave Grohl pode ser muitas coisas: um dos maiores frontmen do rock, um baterista fora de série, um meme ambulante e, claro, um amante incontrolável do… controle. Se você pensou em um cara tranquilo, que solta as rédeas e deixa as coisas fluírem, pense novamente. Grohl não é apenas a cabeça do Foo Fighters; ele é também a cabeça, os braços, as pernas e provavelmente os bastões da bateria.
Mas nem sempre essa sede de controle rende bons frutos. Em uma recente confissão ao NME, Grohl admitiu que, se pudesse voltar no tempo, teria feito as coisas de maneira diferente durante a gravação de The Colour and the Shape. Sim, aquele disco que moldou o som do Foo Fighters e que os levou para um patamar ainda mais alto. Mas eis o problema: Dave, sendo Dave, não estava exatamente pronto para confiar a outra pessoa as baquetas sagradas. O escolhido para tocar bateria no álbum, William Goldsmith, descobriu da pior forma que a opinião de Grohl sobre seu desempenho era tão sutil quanto um soco na cara.
Reza a lenda (ou melhor, Goldsmith confirmou anos depois) que Grohl simplesmente apagou todas as gravações do baterista e as refez sozinho. Sim, não foi uma ou duas faixas corrigidas. O homem regravou TUDO. Se isso não é obsessão por controle, eu não sei o que é. Como se não bastasse, Goldsmith só descobriu o ocorrido depois, quando a banda basicamente o rebaixou para “baterista de turnê”. Quem nunca, né?
Agora, passados os anos e vários álbuns depois, Grohl olha para trás e percebe que talvez tenha sido um tantinho ditador nesse processo. “Eu gostaria de ter lidado com isso de forma diferente”, admitiu. “Foi a primeira vez que gravei um álbum sem tocar bateria, então foi como deixar algo escapar. Foi pesado pra caramba.” Em outras palavras, foi emocionalmente devastador para ele não ser o dono absoluto de cada batida.
O curioso é que a saída de Goldsmith e a entrada de Taylor Hawkins, que viria a se tornar uma das peças mais icônicas do Foo Fighters, parece quase destino. Mas não deixa de ser irônico que um cara que passou anos dentro de bandas aprendendo sobre dinâmicas de grupo tenha travado tanto na hora de dividir as responsabilidades. Grohl pode até fingir que aprendeu a lição, mas sejamos sinceros: quem duvida que ele ainda dá uma inspecionada nas gravações de bateria, só para garantir?
Se existe uma coisa que aprendemos com essa história, é que algumas pessoas nasceram para liderar – e outras nasceram para liderar e refazer tudo do zero caso não esteja do jeito que imaginaram. No fim das contas, Grohl pode se arrepender um pouco da forma como lidou com Goldsmith, mas o controle? Esse ele jamais entregará.